Amar-te num pedaço de céu

Vivemos num pedaço de céu, não o céu de todos, o céu que nós criamos, aquele que é só nosso. Que fomos gerando a cada sorriso, caricia, troca de palavras, partilha de histórias e/ou loucuras. Aquele que é só nosso.

Olho-te, como um louco olha as suas alucinações; vejo-te, como um adolescente vê o seu desejo; toco-te, como um invisual toca a sua visão; imagino-te, como um sonhador imagina o seu futuro; respeito-te, como uma criança respeita o seu medo; amo-te, como um apaixonado ama a sua paixão.

Como podemos descrever este pedacinho enublado de uma matéria intangível que nos suporta no ar? Nuvem? Céu? Não sei, porque tenho que saber? Sou livre, estamos livres. Estamos a levitar. Sou leve a teu lado, és leve a meu lado.

– Amo-te.

Eu também te amo, também me emaranho no dia-a-dia, também subo a minha felicidade à velocidade do teu sorriso, também deixo o peso do meu corpo cair à velocidade do zumbido da tua tristeza, ao som do teu silêncio.

– Preciso-te.

E eu preciso de ti, preciso do teu sorriso, preciso do teu chamamento, do teu toque. Do Éden do teu olhar, da viagem do teu toque, da adrenalina das tuas palavras. Preciso de a cada dia ser feliz, de me tornar mais feliz. Um dia não precisei de ti, tu não precisaste de mim, mas hoje, hoje é diferente, hoje temos um pedaço de céu.

– Gosto de gostar de ti.

Gosto que gostes de mim. Não me defino pelo que sou, pelo que és, defino-me pelo que somos. Partilha é fusão, por mais antagónica que a frase se torne. Um dia fundi-me a ti, para partilhar contigo. Para tornar o inconcebível exequível.

– Algum dia isto terá um fim?

Só direi não. Porque não quero, porque não sei. O não domina, o não é incerto até quando fazemos dele uma certeza. Não sei, não quero. Não penso nisso, não quero pensar nisso.

Estou a viajar: parti do teu olhar, virei na curva do teu sorriso, deslizei pelo ondulado do teu cabelo, toquei o rumo da tua pele, abasteci no doce do teu perfume, acelerei nos contornos do teu corpo e… não tem fim! És uma viagem sem fim. És a aventura de uma vida.

– Já disse que te amo?

Não precisas. Eu vejo-o no teu sorriso, no teu olhar brilhante, nas tuas palavras doces, no teu toque ternurento, mas diz. Eu quero que digas, afinal também preciso que o digas.

– Amo-te.

Como eu te amo a ti. Nunca desças deste pedaço de nada, desta nuvem branca de matéria de intangível, deste cantinho de céu que é nosso. O futuro vem com o amanhã, mas nem ele pode apagar este pedaço de céu que é nosso. Que construímos, que conquistamos. É bom amar-te num pedaço de céu.

PRRRIIIMMMMM 

– Não acredito, já são 8h da manhã !!

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