A cidade fica imersa num escuro castanho, meio arreliado, meio pequenino. Os indivíduos multiplicam o agasalho e cobrem-se em caminhadas, mais abraçadas e afectuosas.
Sinto um sopro a furar-me as janelas e a assobiar-me, num bom dia meloso. Importa-me mais a erguer as forças, daqueles edredons que me arrecadam a quentura de um cosmos fresco. Sinto um deslize epopeico sobre as estradas que, dia após dia, palminho para um escritório que me ameiga o dia, que agora se veste de mais luz. O clicar do interruptor dá uma luminosidade maior, mesmo com a lâmpada de sempre, pois ele estava mais escuro, mais invernoso. Custa-me a levantar, mas sinto-me mais aconchegado a trabalhar. Não fico na euforia tola do verão, contudo sinto-me sempre mais paulatino e certinho a fazer as coisas. Desaparece aquela dormência de êxtase, torno-me mais cerebral e reflectido, mantendo alguma astúcia, de que me gabo.
Este mês que é recente, o Outubro, traz-me mais uma soma de aniversário, aquele burburinho de quem gosta de se sentir lembrado, com mensagens electrónicas e beijinhos e abraços tão reais. Para todos é mais um dia, para mim também, mas com qualquer coisa, com uma lembrança perpetuada de demonstrações de carinho. É um auge momentâneo, vestido de uma importância e carinho impar. Gosto de fazer anos, por muito que não ligue a ficar mais velho. Tenho sorte de ter nascido no Outono, as pessoas são mais agradáveis e sentimentais. Ficam mais carinhosas, ainda sem a tristeza do vagar zangado do Inverno.
Estou à espera daquele dia, que vem a correr desalmado, em que além dos parabéns, receberei o cair das folhas, do Outono da vida.
PS – Não se esqueçam, caso tenham curiosidade de saber mais detalhes sobre o livro que lançarei, lá para meados de Novembro, basta clicarem neste destacado: Livro – Ricardo Alves Lopes (Ral)
É o Outubro sereno tal como este texto escrito. Como uma folha que se desprende, assim é cada ano que passa por nós. Os meus parabéns.
Abç,
mz
Será dia 15 que, esse bafejo de carinho, soprará na minha janela, como eu soprarei as velas. Obrigado pela participação e simpatia, Mz 🙂
Excelente texto.
O outono é melhor para trabalhar pois já não existe aquele calor abrasador do verão. Mas se já custa a levantar, o que dizer do inverno onde não apetece mesmo nada meter a cabeça de fora do edredon.
Ainda que atrasados, muitos Parabéns.
Utópico
Obrigado pela participação, Utópico 🙂
É verdade, o acordar é uma batalha densa, mas depois de vencida conseguimos inflamar de uma forma diferente o dia. Não é melhor, nem pior, é diferente 🙂
Muito obrigado, pelos parabéns 🙂