Perfeição, imperfeita!

Se a definição de perfeição não é perfeita e contundente, como podemos nós cogitar ser perfeitos?

Tenho em mim, desde tenra idade, o aviso que ninguém é perfeito. Porém, quando erramos, por mais insignificante que o erro seja, somos notificados por olhares dilacerantes, por palavras gélidas e gestos dantescos, que deveríamos ser perfeitos. Qual a lógica, então?

Não existe lógica nestas contradições, simplesmente uma prova da complexidade humana. Almeja-se o indecifrável, castiga-se o humano. Todavia, nós podemos errar, pois nós somos humanos e ninguém é perfeito. Os outros, esses, devem ser o exemplo para nós, devem servir exemplarmente os nossos interesses. Errar é algo que não deve pertencer-lhes ao dicionário, deve ser apenas o guião do que não têm direito a fazer. Se eu erro, que lhes sirva de exemplo.

Por natureza, concentramos em nós o direito a tudo. Somos um centro gravitacional de vida. Pensamos que temos uma importância maior do que a que realmente temos, na vida dos outros. Definimos os nossos erros como banais, normais, mas enchemo-nos de raiva com os de outros, que nos circundam. Pior, por diversas vezes concebemos juízos de valor em relação aos que nada nos dizem, com histórias distantes, que desconhecemos, mas criticamos.

Nestes momentos de pura reprovação, de asseveração da nossa perfeição, com base na pecha de outrem, não assumimos mais que a nossa imperfeição. Se fôssemos perfeitos não criticávamos, ajudávamos, claro!

Quanto mais perfeitos queremos parecer, mais imperfeitos demonstramos ser!

6 thoughts on “Perfeição, imperfeita!

    • Não poderia estar mais de acordo… a palavra sociedade faz toda a diferença! Aglomera pessoas e ai não há espaço a unilateralismos! Criticar é bom, quando se aceita a crítica também 🙂

      Muito obrigado pela, tão boa, participação 🙂

  1. O mais grave no nosso binómio perfeição/imperfeição é o modo como somos com os outros, a critica faz girar o mundo e a sociedade, faz crescer e melhorar, problema torna-se quando nos focamos tanto nas imperfeições dos outros anulando as suas perfeições. Todos temos perfeições e imperfeições, é uma espécie de equilíbrio que pode variar um pouco aos olhos de quem nos aprecia de acordo comos factores a que dá mais notação.

    Belo texto

    Beijos.

    • Olá e obrigado pelo comentário 🙂

      Concordo plenamente contigo! Cometemos dois erros, a meu ver: demasiado enfoque nas imperfeições alheias, conforme referes; facilidade de criticar, dificuldade de aceitar a critica. Com isto, não me alheio de responsabilidades, sei que também cometo, por vezes, esses erros. Sou humano, lá está.

      Arriscando teorias, quem sabe descabidas, eu acredito que as nossas imperfeições enaltecem as nossas “perfeições”. Contudo, a avaliação disso está sujeito ao grau de admiração que os outros têm por nós. Eu serei sempre um copo, com metade de água… para os que gostam de mim e me admiram serei meio cheio, para os outros meio vazio! É a vida, com as suas imperfeições. No fundo, no esplendor da sua beleza imperfeita 🙂

      Mais uma vez, obrigado pela participação!

      Bjs

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