Então o ministro diz que os velhinhos deviam morrer?

ministro japonês, taro taso, ministro das finanças, japão, vítor gaspar, doentesÉ verdade, Taro Aso, ministro japonês das finanças, diz que o dinheiro que se gasta a tratar pessoas idosas com doenças sem cura é desnecessário. Ai o insensível, o malandro, o desprezível.

Mas esperem, não é o que diz, também, o Gaspar em mensagens veladas? Não usa as letras do alfabeto nem a articulação dos lábios, mas deixa os idosos sem dinheiro para comer e comprar medicamentos, dando-lhes apenas a escolha de uma das opções. Que será, portanto, se morrem de fome ou da doença. Lá justiça há, até na hora da morte ele dá preferência, ninguém o pode acusar de falta de indulgência. Dá escolhas, imaginem, escolhas! Poderia acrescentar o preço exorbitante dos serviços médicos, todavia não me apraz continuar a gabar-lhe a sensibilidade excepcional, em relação ao ministro japonês.

Eu não sou a favor de absolutamente nada do que aquele barbário de olhos rasgados disse, não sou mesmo, porém vivemos demasiado enlevados pela força das palavras, rigorosamente presos à essência de serem ditas. Quando traduzem o absurdo há que desencadear mensagens de ameaça, críticas sem receio da dureza, não obstante de quando são geniais serem idolatrados como deuses do olimpo. Não o julgo, quem merece o castigo deve ser castigado e quem merece o elogio deve ser elogiado, no entanto isso parece-me vago. Reparem que todos partilham nas redes sociais, no que ao amor se refere, as referências fabulosas aos actos, que só eles podem suplantar as palavras. E eu concordo, ah se concordo, mas por isso mesmo não se devia julgar tanto mais o japonês, quando temos um Gaspar. O nosso é melhor porque não diz? Eu cá acho que é igual, porque faz. Mas são opiniões e opiniões são como tudo o resto – vagas.

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