Globos de Ouro 2012

O que me levaria a escrever sobre os globos de ouro? O fascínio pelo glamour. Via no Twitter o Gonçalo Waddington apelidar esta gala: óscares de Massamá. Achei piada, ri-me com vontade, mas a verdade é que gosto de acompanhar.

As irmãs do Cristiano Ronaldo a receberem o prémio por ele, a Bárbara Guimarães a apresentar, as cabeleireiras a divertir e as bebedeiras do Jorge Palma a espantar, ou não, são os chavões desta gala. Podia falar da Lili Caneças ou do Castelo-Branco, mas não o farei.  Gosto da gala, não são os óscares, nem perto, mas diverte-me e é nacional. Dá-se atenção a situações que por norma estão esquecidas: falta de apoio à cultura, o previsível fim do cinema português. São mensagens tristes, mas importantes de ser passadas.

Para além de tudo isto, tem muita gente gira. Quem não gosta de ver gente gira? As mulheres a discutirem os vestidos e penteados das altivas actrizes, das espampanantes figuras do social, das elegantes modelos ou das estéticas apresentadoras. Os homens por sua vez a repararem, sem avistar grandes defeitos, nesses mesmos vestidos, nos voluptuosos decotes, nas nomeações do desporto e alguns – nos quais eu me incluo – também conseguem reparar na elegância ou não dos trajes.

Sei que não me descreve em grande masculinidade confessar que também reparo na elegância, mas sendo verdade que posso eu fazer? Cuspir para o chão e gritar a minha masculinidade? De repente, num ápice, ocorre-me mil e uma maneiras diferentes, e melhores, de provar a minha masculinidade. A quem de direito, claro está. Já passamos os anos 50, 60 ou 70, que os homens se queriam com base na robustez, na brutalidade.

Não sou capaz de colocar milhares de cremes, usar centenas de adereços, gastar horas na escolha de uma roupa ou marcar esteticista para todas as semanas, no entanto gosto de prestar atenção à elegância. Digamos que gosto de vestir bem. Quem me pode julgar? Se consigo ou não é outra questão, que deixo ao critério de quem me vê, de quem tem influência sobre mim.

Parabéns à SIC por mais uma gala. Sei que muitos não gostam, não acompanham e até criticam, mas a continuidade no tempo, os 17 anos, comprovam alguma legitimidade do evento. É um facto que não acompanhei na totalidade, que sai para o meu habitual café e perdi parte do espectáculo, mas gostei. Talvez tirasse apenas o playback do Angel-O.